Notícias / Ex-jogador Petkovic é atração em treino no Renato Silveira
A terça-feira foi especial para os representantes do futebol maranhense no elenco do Guarani. Pela manhã, o Sampaio Corrêa, um dos principais clubes do Maranhão, utilizou as dependências do Renato Silveira, em Palhoça, para treinar. A equipe está em Santa Catarina para enfrentar o Internacional, em Lages, nesta quarta-feira, pela Copa do Brasil.
O time é comandado por um ex-jogador com extensa e vitoriosa bagagem no futebol brasileiro, o sérvio Dejan Petkovic. Quando chegou ao Brasil, contratado pelo Vitória, há cerca de 20 anos, Petkovic já havia passado por clubes importantes da Europa, como Real Madrid e Sevilla. Mas seria no Brasil que ele viveria as maiores alegrias na carreira, com passagens importantes por clubes tradicionais, principalmente os cariocas Flamengo (clube onde mais atuou), Vasco e Fluminense. O sérvio encantou os brasileiros, fez fama, virou "Pet" e praticamente adotou o Brasil. Foi aqui que iniciou a carreira de treinador, nas categorias de base do Atlético-PR e depois no time principal do Criciúma.
Por tudo isso, Pet estabeleceu seu espaço no futebol nacional. Bom com a bola e com as palavras, não é à toa que mantém um status de celebridade. Tanto que foi o centro das atenções na passagem do Sampaio Corrêa por Palhoça. Garotos das categorias de base fizeram questão de tirar foto com o jogador. Durante o treino, suspiravam a cada toque do treinador no trabalho tático realizado no gramado do Renato Silveira. Parecia unanimidade: se quisesse, aos 43 anos, ainda tinha vaga em muito time neste Brasil.
Após o treino, Petkovic bateu um papo com o técnico Sérgio Ramírez. Falaram de bola, claro. "Em primeiro lugar temos que agradecer bastante ao Sérgio, que foi muito hospitaleiro, e ofereceu toda a ajuda que pudesse. O campo é bom, um pouco mais duro com este solzinho, mas estamos acostumados, em São Luiz é sempre quente também, mas lá tem muito sol e chuva, então o campo está mais fofinho. Mas o campo aqui é parecido com o que vamos enfrentar diante do Inter de Lages", comentou o astro.
Petkovic aproveitou para desejar boa sorte ao Guarani nesta reta final do Catarinense. "Neste bate-papo aqui com o Sérgio, eu desejei a ele muita sorte nesta reta final do Catarinense. A situação está muito difícil, está lutando para não cair, mas pela gentileza que o Guarani fez com a gente, espero toda a sorte nestes últimos jogos", observou.
Apesar da passagem importante pelo Criciúma, o treinador teve pouco contato com clubes catarinenses, já que só enfrentou os adversários do Tigre no Brasileiro. O treinador elogia o crescimento do futebol no estado. "Acho que o futebol de Santa Catarina cresceu bastante, tanto que mostrou força no ano passado na Série A. Lógico, alguns erros de estrutura e de planejamento podem acontecer, até porque os clubes não têm orçamento suficiente para brigar e se manter. Mas há um trabalho organizado, com planejamento e tem potencial", refletiu o treinador, que acabou de chegar ao Sampaio Corrêa - tem três semanas no clube. "O Sampaio é o maior clube do estado, um dos grandes do Norte do país, e com pretensões. Fez um campeonato bom no ano passado, ficou na oitava colocação. Está tentando melhorar a infraestrutura e alcançar, talvez, a elite. É um planejamento a curto prazo, e que a torcida está esperando e pode ser que este objetivo seja alcançado em breve", projeta.
A visita do Sampaio Corrêa a Palhoça - e ao estado - não poderia ter acontecido em um momento mais oportuno. Afinal, há jogadores maranhenses em destaque neste Estadual. No próprio adversário pela Copa do Brasil, o Inter, um dos destaques é o atacante Valdo Bacabal, autor de dois gols no Catarinense. A líder Chapecoense tem o atacante Maranhão, titular e autor de um dos gols do Verdão até aqui na competição. E o Guarani não poderia ficar de fora: tem o meia Alex Maranhão, o atacante Jeferson Maranhense e ainda o volante Jackson.
O volante é o único que não usa a referência do estado no nome, mas nem por isso deixa de ter suas raízes encravadas na terra natal. Jackson vem de uma família torcedora do Sampaio Corrêa, e costumava assistir aos jogos do clube. Todos os anos, passa pelo menos uma semana no berço onde nasceu, onde aprendeu a gostar de vatapá, farinha e frutos do mar, característicos da capital São Luís, e também da "juçara", que todos no Sul conhecem por outro nome: açaí. "Mas não comemos como comem aqui, gelado, lá é uma bebida, ou dá pra colocar farinha e comer com camarão ou peixe frito", ensina Jackson. Jeferson Maranhense lembra de outra iguaria local, o arroz de cuxá (uma folha verde), e do famoso guaraná Jesus, de tom rosado e bastante adocicado, que faz sucesso entre a criançada.
Assim como Jackson, Alex Maranhão, artilheiro do Guarani no Estadual, também vem de uma família "boliviana" - por causa das suas cores, presentes na bandeira do país vizinho, o clube é conhecido no estado como "Bolívia Querida". Ano passado, jogou a Série B pelo Sampaio e conhece a maioria do grupo atual. "O jogador maranhense é muito moleque, muito ousado dentro de campo, tem muita ginga. É do DNA do maranhense, o drible, a malícia, a malandragem. Isso já vem até pela cultura do maranhense, descendente de jamaicano, aquele povo do reggae, então é um futebol bem pra frente, bem alegre", argumenta o jogador, que também nasceu em São Luís. "Os atletas do Maranhão têm uma boa técnica. Costumam ser jogadores velozes, que não tem um porte físico avantajado em termos de altura, mas se caracterizam pela força e pela técnica", concorda Jackson.
Alex diz que é muito apegado às suas raízes, aos amigos de infância e à cultura local. Sente falta da alegria do povo maranhense quando está em casa, em São Paulo, onde mora há sete anos. "Sinto um pouco a falta do calor maranhense. A gente diz que para o maranhense não tem tempo ruim. O paulistano é um povo mais frio, mais recatado, e o povo maranhense é mais alegre, mais amigo, mais camarada, e eu sinto falta disso", conta.
Talvez por isso esteja sempre viajando para visitar a terra natal. O atacante Jeferson Maranhense também. Tem família lá e já pensa até em usar as férias, após o Catarinense, para levar a mulher para conhecer os famosos Lençóis Maranhenses, cenário da novela global "Da Cor do Pecado", um lugar paradisíaco, de beleza intraduzível. "Ontem mesmo estava olhando umas pousadas em Barreirinhas, minha mulher é doida para conhecer lá, então, se Deus quiser vai dar tudo certo quando terminar aqui, para dar uma passeada lá. Mas eu quero deixar o time na Série A do Catarinense, isso é importante, então estamos focados no trabalho", observa Jeferson Maranhense.
O time todo está com esse pensamento, o de permanecer na elite estadual. Por isso, treinou forte na tarde de ontem, sob o comando de Sérgio Ramírez. Na tarde desta quarta-feira, o treinador comanda mais um trabalho no Estádio Renato Silveira, em preparação para o duelo com o Brusque, na sexta-feira, dia 8. Os ingressos para a partida vão custar R$ 20.